Fotografia

Às vezes parece que no passado a gente se pega sempre de calças curtas.
Às vezes parece que o passado sempre era melhor.
Às vezes parece que o presente não tem nada a ver com o que você achava que seria.
Às vezes parece que você só se arrepende do seu passado.
Às vezes parece que se a gente pudesse voltar pro passado, faria tudo igual.
Às vezes parece que o passado sempre dá saudade.
Às vezes parece que o passado sempre volta pra nos assombrar.
Às vezes parece que o passado passou...

VBF 28/01/08

Fotografia

"Da Natureza, nada a se tira a não ser fotografias". Pode ser piegas, mas é verdade. E agora com as máquinas digitais, ficou ainda mais fácil, não é? Mezzo.

Eu achava que nunca mais ia ter aquele problema de tirar uma foto, e depois de revelar perceber que borrou (tudo bem, é desculpa pra viajar de novo...). Até que peguei emprestado um cartão de 1 GB de memória, pensando "Nossa! Quantas fotos! Uau!" - e, claro, deu pau. Ainda bem que percebemos logo, tinha "só" 140 fotos... Mais incrível, quem me salvou foi o Windows Vista, alvo de tanta reclamação hoje em dia. Sozinho, recuperou quase tudo, faltaram apenas 15. O resto da viagem, passamos à moda antiga - economizando fotos e descarregando os cartões menores sempre que possível...

Bom, problema por problema, no balanço final a máquina digital é vantagem. Mas há ainda uma consequência sobre a qual eu não sei se as pessoas pensaram direito. Selecionar o alvo, o objeto da foto, fazia parte da arte. Hoje, tira-se foto de tudo e em qualquer lugar - pessoalmente, não suporto a proliferação de fotos de baladas e festinhas, como se fosse a coisa mais importante do mundo. Quer dizer, de repente os paparazzi se multiplicaram. E as celebridades mais ainda... Isso sem falar nas incoveniências, tipo gente tirando foto dentro do cinema...

Quando eu tiver filhos, é claro que eu também vou ser um pai babão e vou ficar tirando montes de fotos dos meus pequenos... mas não precisa fazer um book do filho a cada situação, né? (Outro dia tinha uma mãe batendo dezenas de foto do filho dentro do avião... e eu que já tenho dificuldade pra dormir durante o vôo...)

Absurdo

Teatro do Absurdo é um nome muito divertido. Porém, é fácil se enganar quanto ao seu significado. Pensa-se logo em peças cheias de situações absurdas, sequências grotescas e frases sem sentido. Pode até ser o caso, como se vê nos diálogos da "Cantora Careca", de Ionesco, mas não é isso que define uma peça como "de absurdo". Foi Martin Esslin que cunhou o termo, em 1962, fazendo referência à filosofia de Albert Camus sobre a situação absurda da vida humana.

Sabe quando você acorda se perguntando qual o sentido da vida? Quem sou eu, de onde vim, pra onde vou? Que diabos estamos fazendo aqui? E se você se pergunta demais, começa a perder a esperança de achar resposta, e vai ficando deprimido... bom, tem gente que toma um comprimido e beleza, mas enfim, é esse assunto cabeludo que define o Teatro do Absurdo.

Camus apresenta sua Filosofia do Absurdo no ensaio O Mito de Sísifo (Le Mythe de Sisyphe), de 1942. Ele chama atenção para o fato de que passamos muito tempo nos preparando para o amanhã, sabendo que cada amanhã nos deixa mais próximos da morte, que é o inimigo final. As pessoas parecem viver como se não tivessem a certeza da morte futura e, uma vez retiradas as romantizações, o mundo torna-se um lugar estranho e inumano, privado de Deus e da Eternidade. Um lugar desconhecido, que a ciência e a racionalidade não são capazes de explicar completamente, sempre terminando em abstrações ou metáforas. Diante disso, Camus rejeita o suicídio – sem o homem, o absurdo não existe. A contradição deve ser vivida, e o absurdo confrontado com revolta constante.

Note que tanto o livro de Camus quanto o de Esslin foram publicados em tempos conturbados. As próprias obras tomadas como definidoras do "movimento" do Teatro do Absurdo foram todas publicadas na bagunça entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria - anos sombrios, em que o homem saía de um conflito generalizado (entre 35 e 60 milhões de mortos, e outros tantos feridos, espalhados por 62 países) para entrar numa paz instável, sob o constante temor de uma guerra atômica terminal. É de se entender que a teoria de Camus tenha conquistado seus adeptos...

SENTIDO

Passados aqueles tempos,
olho pra trás e me pergunto
se o que fazíamos tinha sentido.
Pesquiso e analiso com ardor,
pescando uma luz por entre as chamas.

Éramos outros -
Eu, você, ele - outros.
Havia sentido, mas era outro.

Compreendo cartesianamente
e abraço de coração:
foram as escolhas
que aquelas pessoas fizemos
naquela conjuntura.

Mas a indagação evolui:
o sentido, a escolha, nós,
para ontem, hoje, ou amanhã?

VBF 10/11/06

Livros

Oscar Wilde, esse é o nome! Comecei a ler "O Retrato de Dorian Gray" (The Picture Of Dorian Gray) - é simplesmente delicioso. A história prende a atenção, as frases são construídas com perfeição, os assuntos são instigantes: cada página renderia uma dúzia de citações e uma boa hora de discussão (ou duas, se fosse numa mesa de bar...). Nada como um bom escritor...

Antes eu estava lendo " O Estrangeiro" (L'Etranger), do Camus, e com todo o respeito a um dos grandes nomes da literatura francesa, achei insuportável, nem consegui chegar na metade. As frases vão se seguindo sem ligações, sem continuidade, faz-me lembrar redação de criança. Tenho o "Mito de Sísifo" (Le Mythe de Sisyphe) aqui, esperando pra ser lido - veremos se num livro não-ficção o francês se dá melhor, porque por enquanto eu fico com o irlandês!

Mas é interessante quando você começa a perceber que é como nas outras artes. Não basta o cara ter uma boa idéia, um bom roteiro, uma boa paisagem: precisa ser um bom diretor, ator, pintor... ou escritor, claro. Precisa saber usar as palavras, na hora e na sequência certa.

Acho que a primeira vez que isso me chamou a atenção foi no "Deuses Americanos" (American Gods), do Neil Gaiman. Ele teve uma idéia bem interessante, criou um belo roteiro, desenvolveu numa história muito boa... mas escrever romances não é o métier dele. Bom, preciso ler Stardust pra ver se ele melhorou. O filme vale a pena, assim como Mirrormask, que também tem roteiro dele, apesar de parecer mais a mão do Dave McKean.

Enfim, vou voltar pro meu livro...

Honestidade

Esses dias encontrei por acaso um vídeo que dá o que pensar. É curto, convido todos a assistir:

http://www.youtube.com/watch?v=jdFKpCsbpyA

Lembro-me da minha noiva perguntando: "Quando é que ocorreu a inversão, e ser uma pessoa boa passou a ser uma coisa ruim?"

Acho que vou deixar esse link aí uns dias, gostaria que muita gente visse e pensasse sobre o assunto, sobre o que cada um está fazendo sobre isso...

Tudo seria melhor se cada um fizesse a sua parte

Ontem fiquei estarrecido.

Foi terça, dia de feira numa ruela do Itaim Bibi, ali atrás do Kinoplex, entre a Bandeira Paulista e a Renato Paes de Barros. E eis que passo por volta das 18 horas e por acaso vejo como é feita a limpeza do local - com um belo jato d'água! Todo mundo já aprendeu que não se deve ficar lavando a calçada diante de casa com mangueira, devido ao desperdício de preciosa água.

Mas a rua pode?!

Isso sem falar no lixo todo sendo arrastado pros bueiros...

Que venha 2008!!!

O ano passado acabou bem, e isso levanta a moral de qualquer um para o ano seguinte, não é? Tem gente que fantasia tanto na virada, faz promessas, votos, desejos - e quando o ano começa de verdade, não sacode o traseiro, que é o mais importante. Arranjar desculpa é fácil: primeiro é o Carnaval, depois é o calor do verão, aí a gente se atola de coisa pra fazer, e quando vê já é inverno e está frio pra burro. Agosto é um mês frio, úmido e chato, Semana da Pátria todo mundo viaja, e depois já é hora de pensar nas festas!

Minha única promessa de ano novo é bem simples: eu vou atrás dos meus projetos e sonhos, que não são poucos nem pequenos. Ah, vocês sabem, carreira de ator, carreira acadêmica, carreira da vida... Pois é...